quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O diário



Talvez eu deva ligar, pedir desculpas, explicar tudo o que aconteceu, ou o que não aconteceu… Mas não, isso já não importa. Não dá pra fazer medidas de sou, de é, ou assim, sempre sobra uma parte que não se ajusta. E essa parte talvez seja eu agora. Posso escrever, falar, expressar, argumentar, mas não, estarei falando de mim, de minha parte, a que talvez eu tenha mais domínio para abordar, mas não me cabe, não tem e nunca teve só eu. Aconteceu, um esperar de ambas as partes se fez protagonista na relação, esperamos surpresas, esperamos algo puro e adiantado, antes de pensar, dizer, esperamos o inesperado, o mais simples que fosse. É por estas e outras que algumas pessoas se irritam e dizem o quanto uma bola de cristal faz falta, mas não é o caso, não se precisa de tanto, porque na verdade o que queremos parece ser tão pouco que nos entristecemos pelo o outro não compreender. Queremos sensibilidade, toda mulher por mais tresloucada que seja, almeja isto de seu companheiro. A sensibilidade de saber a hora certa para dar colo, o momento exato para dizer belas palavras, a hora fatal para admirar e ser um ombro mais que amigo no vazio da tristeza. Sempre quis isto, tive, mas não sei se o fiz recíproco. Ou talvez não tenha sido sensível o bastante para entender um não como um sim e então, poder fazer tudo diferente. Escorreguei no momento. O certo é que costumamos também não ser nada delicados, colocamos palavras negativas a frente e guardamos os gritos do coração que fazem eco no túnel coral. Dizer: "sim eu quero", "eu te preciso", "me ajuda", falar isto somente nas últimas ou, às vezes, nem isso, o orgulho não nos deixa. Para muitos é melhor sofrer por não ter dito, do que sofrer com o orgulho ferido. É difícil, mas é assim que muitos bondes andam. É tão espinhoso deixar para trás o pudor? Para alguns sim, porque na tentativa de sermos realistas, imaginamos logo o pior, escolhemos não ouvir o coração para não parecer um bobo pedindo atenção, evitamos e engravidamos de revoltas e tristezas. O medo nos faz fracos.  Decidimos ouvir o ego  e acabamos deixando de lado a essência límpida do companheirismo, falar o que realmente se sente sem deixar sobras por vergonha, ou receio. Resolvemos nos podar, por achar isso ou aquilo. Nos fingimos de porta, analisamos tudo; nada foge ou escapa. E tudo isso… depois acaba sendo engraçado. Nas horas prazerosas não tememos em falar nada, falamos o que sentimos, perguntamos e visse e versa. Qual o problema de levar isso adiante? E como eu disse anteriormente entender a si mesmo é uma arte  e toda arte exige muito de si, entender o outro requer mais ainda, atenção, mais de ti, em toda e qualquer área da vida, não é fácil.
Já me desesperei e chorei, acabei deixando rastros de pena, é pior. Hoje eu deixo a areia do tempo escorregar, respiro fundo, penso e espero algo prudente, sem gritar ou exigir nada.  Talvez assim a  sensibilidade possa aflorar mais. Faço o melhor e que o meu melhor seja o do outro também. Isso é sensato quando se ama. [?]



Um comentário:

Lorena Luana disse...

Eu não sei nem o que dizer...Simplesmente amei !

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