segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Entender a si mesmo é uma arte

Pablo Picasso

Pensei que amava como ama o amor, mas não, me peguei na vergonha de expressar um sentimento que por toda minha vida guardei.
É engraçado, o amor tem dessas coisas, a gente vive querendo sentir intensamente, mas o mais difícil não é conseguir vivê-lo com intensidade, o mais difícil é expressá-lo com verdade. E a gente só sabe quando é pego de surpresa, quando simplesmente não temos esse hábito de exalar te amo para todos os cantos, ou pelo menos para as pessoas especiais ao nosso redor.  Então, paro e penso no quanto tentamos ser durões, no quanto a vida nos faz ficar assim, é como se segurássemos um escudo e com ele nos protegêssemos de tudo, até do amor. Mas o fato é que mesmo não vendo a gente sente. O fato é que um simples abraço purificado, nos desbloqueia. Um simples gesto de carinho, nos arranca um sorriso bobo. E um simples pedido de perdão, nos transforma em um riacho que não para de correr. Falando assim tudo parece tão fácil quanto um bolo de dar água na boca num livro de receitas. É  digamos que estes são os ingredientes certos, mas até chegarmos a ele é preciso colocar a mão na massa, tentar várias vezes e acertar no ponto com a paciência.
Certos bloqueios que carregamos nos cegam, petrificam a alma, deixam mágoas, arrancam a casca da ferida, causam profundas cicatrizes, nos impede de viver o amor com todas as suas cores e em 3D, amor elaborado, modelado e projetado. Tanto tempo, tantas décadas, muitas marcas e poucas lembranças... depois de tanto o nosso coraçãozinho fica assim apertadinho.
Entender a si mesmo é uma arte, um dom que todos nós temos e não sabemos, ou quando sabemos não exercemos. A verdade é que toda arte precisa ser pensada antes de executada, todas as ações das nossas vidas também. Isso é importante, porque é na ausência de alguns minutos de reflexão que nos embolamos, é assim que nos enfeitamos e caímos no conto do vigário, a impulsividade do ser às vezes nos impede de viver; viver sem máscaras, viver de corpo e alma. Mas tudo na vida tem um ponto, um ponto para você parar, descansar, tomar fôlego e ir além, e esse ponto todos têm e se não tem não custa nada fazer, você vai saber. Viver com transparência não é fácil, porém é mais gostoso. Poder ver as ondas dos sentimentos mais bonitos ao seu redor, não tem preço. É como ler um bom livro, cheio de lutas, conquistas, desafios e com um final real, bonito sem fixão. E melhor que ler uma bela história é poder fazer e vivê-la. 
Para a arte de entender a si mesmo chegar ao ponto é preciso ter a coragem de confiar naquilo que talvez você não possa ver, mas que você sente tocar com muita fé a sua alma. É bonito ver. É maravilhoso tirar o escudo, abrir o coração, sentir e dar carinho, com amor. E por alguns instantes chegar aos céus; isso realmente não tem valor.

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