Na casa de Soraia
todo dia é dia de festa.
Festa de Santa Clara,
de Santa Marina,
de São Pelongo
ou Santa Peregrina.
Em toda comemoração
tem doce, tem balão,
tem também segredos
de encher os olhos
e muitas rezas que incham
o coração com esperança
e gratidão.
No dia da exaltação
o chão fica repleto de palha
esperando para ser dobrada
para servir de proteção
pendurado no meio da porta
de casa e na casa de outro ancião.
Isso acaba virando decoração
daqueles mais antigos, que combinam
com imagens de outros santos,
terços e água benta em cima da televisão.
A igrejinha dá o sinal
é hora de cantar, louvar e santificar
a estatueta de um homem
que nunca se viu vivo,
mas se acredita fielmente em juras
e promessas.
É o que mais se vê na procissão.
A novena se acaba,
os comes e bebes se iniciam
e a minha prece ao Senhor,
Santo de alguma coisa,
reza rápido pra não perder a paciência
e nem cansar os ouvidos de alguém
que me escuta, talvez dos céus.
- o céu que derrama unção.
É o que dizem de coração,
fazendo o sinal da cruz
no final de cada oração.
Amém. Paz de cristo, irmão.
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