quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Da janela

Menina bonita de olhos gordos e negros, tu és linda no teu sossego. 
Tuas bochechas roseadas com pó de maçã, te deixa com ar encantado e o teu cheiro tentador de hortelã enfeitiçam homens que passam perto da tua casa pela noite e pela manhã. 
Sem rimas, nem prosas eu te oferto uma rosa, em prol do meu amor nada formoso. 
Confesso que isso me deixa um tanto nervoso na frente do espelho da pensão a cada alvorada, eu fico todo bobo, abestalhado pensando, pensando e perdendo as horas. 
Teu perfil esquálido me faz delirar. 
Me vem uma dor no peito danada quando teus lábios de caju, eu não posso olhar. 
Dizem que eu tô é doente do coração. E eu fico até feliz. Porque eu sempre quis sentir esse troço que muita gente grã-fina costuma dizer por aí: Amor. Ai, uma palavra pra lá de bunita, que só me faz curtir o som dos passarinhos.
Ah, minha flor de laranjeira, em ti encontrei o amor. 
- Casa comigo ó frô? 
O problema é que eu nunca consegui dizer isso pra ela, a minha moça, que enfeita todas as tardes naquela janela. E eu lá longe, só de olho, querendo beijar a boca dela. 
Durmo, sonho, acordo e não consigo fazer nada, a não ser pensar nela, a moça mais bela.

Texto publicado no Clic Fútil

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...