quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Vôo

Se para falar de amor é preciso pedir licença.
Com todo respeito, peço-lhes.
Sei que de fato parece chato,
assim como as cartas de amor parecem ser ridículas.
Porém, se assim não fosse, não seria amor.
Uma força que vem de lugar algum,
sem escolher tempo, nem recinto
e derrepente sem nenhuma explicação invade um órgão bobo,
o coração.

Apressadamente, as horas tristes insistiram em parecer longas,
ao desejar algo, que poderia tornar aquelas horas rápidas,
e não tinha mais.

Amor privado a quem gosto!

Em ti me enrosquei
e despercebidamente tropecei,
passei como um pé de vento por outro corpo,
deixei enormes marcas que para sempre hão de ficar.
Momentos que o destino previu.
O desejo era o que não valia.
Hoje, deliciar densamente da tua intimidade,
dos teus carinhos
e deleitar eternamente na segurança de um puro amor,
já não mais.

O peito rasgou.
A garganta engasgou.
Em meio a barulhos e esgotos ao chão,
uma calda de suor do dia braçal, desceu, lambendo o rosto
com lágrimas que se misturavam,
ardendo a ferida com o sal cansado
e uma boca sendenta.
Todas as lembranças não eram poucas,
por conta de muitas inquietudes que frágeis memórias carregavam.
Era incomodo;
não falava nada.
Somente o inevitável se manifestava.

O corpo não desviou mais,
ao contrário, esperou.

Esperou noites acordada
um sono carinhoso que não mais encostava.
 Esperou que ele se perdesse
para outro dia achar, 
e não mais deixar partir.

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