Ilustração: http://obviousmag.org/ |
Eu quero cores que não estejam
nas prateleiras dos puteiros.
Eu desejo o matiz que mancha definitivamente
o corpo, a mente e o dinheiro dos dementes.
Eu espero baixar o som e o tom das alucinações
de um velho e decadente instrumentista
para ouvir aquela nossa música
e com ela atingir o prazer da imagem colorida
da desilusão do amor.
Eu exijo a visão aguçada além do normal
para poder apreciar tua dança sensual
e teu corpo escondido por detrás do lençol
impregnado por tuas notas aromáticas de suor-flor-sexo.
Eu quis ser teu anjo, só anjo,
mas tu optaste pelo calor endiabrado do meu ser errante.
Eu desejei a doçura dos teus lábios,
mas teu véu me levou até tua úvula serpentina.
Eu nem te esperei, ó Deusa,
e tu vieste esplendorosamente
deixando as pernas e cortinas, livres à platéia,
encarnando um personagem batido
de pomba gira sem batuque, só sedução.
Meu fantasma te drogava com fantasias proibidas.
E eu me embriagava com idéias atônicas, possuidoras.
queria-desejo-espera-ardente-exijo-sangue
queria-desejo-espera-ardente-exijo-sangue
Minha memória não te lembrava.
Minha carne ao contrário te esperava impetuosa.
O fantasma que se dizia meu incendiou minhas telas, letras
e até a molamba arte que mendigava meu inconsciente.
Meu inimigo fez-te mulher no palco
e exigiu a mistura da nossa raça,
além das cores que desenhava teu corpo
e enfeitava minhas máscaras.
Não teve desejo, não teve estória,
não teve intimidade,
não teve coxas-entre-coxas nas coxias do teatro.
Teve minha fatuidade,
meu-teu-nosso demônio
que só quis ver a cor do nosso sangue,
sem swing, só crueldade.
loucura-espera-insanidade- sangue
loucura-espera-insanidade- sangue
...
sangue
Brigith não passou de um desejo aflito que sucumbiu.
Brigith não passou de um desejo aflito que sucumbiu.
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