terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Anseios de um cantador

Ilustração: http://obviousmag.org/


Eu quero cores que não estejam
 nas prateleiras dos puteiros.

Eu desejo o matiz que mancha definitivamente
 o corpo, a mente e o dinheiro dos dementes.

Eu espero baixar o som e o tom das alucinações 
 de um velho e decadente instrumentista 
 para ouvir aquela nossa música 
 e com ela atingir o prazer da imagem colorida
 da desilusão do amor.

Eu exijo a visão aguçada além do normal 
 para poder apreciar tua dança sensual 
 e teu corpo escondido por detrás do lençol 
 impregnado por tuas notas aromáticas de suor-flor-sexo.

Eu quis ser teu anjo, só anjo,
 mas tu optaste pelo calor endiabrado do meu ser errante.

Eu desejei a doçura dos teus lábios, 
 mas teu véu me levou até tua úvula serpentina.

Eu nem te esperei, ó Deusa, 
 e tu vieste esplendorosamente 
 deixando as pernas e cortinas, livres à platéia, 
 encarnando um personagem batido 
 de pomba gira sem batuque, só sedução.

Meu fantasma te drogava com fantasias proibidas. 
 E eu me embriagava com idéias atônicas, possuidoras.

queria-desejo-espera-ardente-exijo-sangue
queria-desejo-espera-ardente-exijo-sangue

Minha memória não te lembrava. 
 Minha carne ao contrário te esperava impetuosa.

O fantasma que se dizia meu incendiou minhas telas, letras 
 e até a molamba arte que mendigava meu inconsciente.

Meu inimigo fez-te mulher no palco 
 e exigiu a mistura da nossa raça, 
 além das cores que desenhava teu corpo 
 e enfeitava minhas máscaras.

Não teve desejo, não teve estória, 
 não teve intimidade,
 não teve coxas-entre-coxas nas coxias do teatro.

Teve minha fatuidade, 
 meu-teu-nosso demônio 
 que só quis ver a cor do nosso sangue,
 sem swing, só crueldade.

loucura-espera-insanidade- sangue
loucura-espera-insanidade- sangue
...
sangue
Brigith não passou de um desejo aflito que sucumbiu.

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