Ele caiu feito pedra na minha cama.
Já sem eira, não consegui descarregar o cansaço.
Despertei.
Tentei abracá-lo, não sei porque, só senti vontade.
Mas ao tentar não consegui.
Ele era robusto demais
(e dono de uma beleza que os meus olhos jamais viram; rústico).
-Venha comigo dormir.
Eu disse, por um impulso do desejo.
Mas ele não veio,
parecia não gostar do tal sujeito oculto daquela cama.
Chamei-o de monstro da noite,
ele negou.
Chamei-o de animal infame,
ele me deu suas costas.
E eu me encantei, suas costas pareciam ter asas enormes.
Chamei-o de meu,
ele mirou meus olhos de jabuticabas com seus olhos verde-mar
e adorou.
Eu senti o calor do pecado nos envolver.
-Meu anjo brutamontes! Gritei.
E numa fração de segundos, ele voou para cima de mim,
me tomou, me acertou com desajeito
e me detonou de beijos... Beijos.
E todas as estrelas do céu de nossas bocas cadenciaram.
Naquela noite conheci a fundo, o meu anjo da guarda, o anjo brutamontes.
"Mas, ele pensou em mim tanto que aquela noite pareceu uma eternidade, e eu não quis mais aquele sonho, que em pesadelo transformou minha noite..." (Silvio Margarido)
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