quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nota desvairada

quem eu sou?
eu não sou nada
minha vida foi toda perturbada
quebrei regras sem amor,
deixe flores sem rancor
as relações amorosas eu esmaguei,
nas familiares me ferrei
e as amigáveis até hoje eu não sei
a loucura me pegou com carinho
e eu gostei
a vida me arrastou pelo pé
e eu odiei

em breve os cabelos brancos
aparecerão e nada mudará
serei sempre
um velho safado
dono de uma vida virada,
lascada,
sem sapato,
olho embaçado,
só garrafas secas ao lado
e cigarros

sou um antigo amargo
sem razão,
mansão,
carteira gorda,
nem identidade
quem eu sou?
eu sou um senhor rabugento
sem certificado,
sem saudade;
um homem castrado
sem idade

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