sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Serelepe



Quando a tarde caía, ele vinha.
Desastrado ele corria em minha direção.

Ah, espevitada recordação!

Para as paredes todos os dias ele dizia:

- Quão bela sua cor!

Depois de encantado com o amarelo vibrante,
para mim ele vinha:
me cheirava, me mordia, me lambia
e eu sonhando curtia cada momento.

- Meu pequeno serelepe.

- Oh minha majestosa agutipuru!

Meu sorriso a ele se estendia e ele contava e cantava
dias atrás vividos.

Nele eu sentia e avistava meu reflexo.

Todo desembaraçado, lampeiro assim era ele...

As lembranças guardadas ficavam,
em uma caixa de seda com bordas de ouro
caderno de marfim vegetal,
todo riscado com caneta de metal à tinta parda.

O meu negro íntimo ele acolhia
e minhas vestes recolhia.

Buliçoso ele era...

Conseguiu me encantar
depois de tantos pesadelos passados,
restados por pingos de costumes.

- Serelepe vem ver o outono! Ele por ti pergunta.

Com ele todas as estações eu me deliciava.
As fazes da lua então, todas, eu sabia, pois,
ele me dizia tin-tin por tin-tin.
Ele me ajudou a ver as maravilhas que existe no mundo,
o qual eu não sabia.

Meu pequeno serelepe ainda te espero,
ansiosamente,
todas as tardes te desejo.

Fostes tu, que me mostrastes a beleza ao meu redor,
me ensinastes a riqueza maior, o amor!

E agora simplesmente furtas o que em mim deixastes?

Contigo, feliz me sinto.
me educastes a ver cores com um simples toque.

Sentir as vibrações
quente, fria, ofusca, brilhosa, suave...
As emoções,
a natureza,
a cachoeira, que beleza!

Eu consegui te ver...

Sinto e sei que és do jeito que tenho em minha mente, sei tua cor, teus gostos, tuas manias.
As brincadeiras me divertem, mesmo, em lembranças e me fazem valer a vida cada segundo que passa.

Meu caxinguelê és tão amado!


Para sempre;

Serelepe



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